segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Dominique Venner: Evola, filosofia e ação direta

Considerado por alguns como "o maior pensador tradicionalista do ocidente", Julius Evola (1898-1974) sempre teve relações difíceis com o MSI (Movimento Social Italiano) enquanto exercia certa influência nos círculos mais radicais, como a FAR (Fasci di Azione Rivoluzionaria) em seu tempo, e posteriormente a Ordine Nuovo e a Avanguardia Nazionale. Evola se manteve às margens do Fascismo durante o Ventennio (1922-1943) e, apesar de suas críticas, ainda manteve solidariedade para com a República Social da Itália após 1943. Influenciado por ambos Nietzsche e Guénon, ele cultivou o desprezo ao plebeu e a glorificação do além-homem. Juntou-se a Guénon em sua interpretação da história como um processo de decadência e involução conduzindo, de acordo com a tradição hindu, ao Kali Yuga, a era demoníaca que precede o retorno ao caos primordial. Contudo, estava pronto a reconhecer que certas formas políticas, mais ou menos em acordo com seu conceito hierárquico de Tradição, poderiam abrandar o declínio. Essa era sua interpretação do fascismo, na medida que este, por sua tentativa de reabilitar os valores heroicos, constituía um desafio às sociedades modernas e ao homem sem face.

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Julius Evola

Aos olhos dos militantes ou intelectuais da jovem geração pós-fascista, Evola apresentou a vantagem de proceder de uma vigorosa crítica interna do fascismo sem ceder ao antifascismo. Ele ofereceu uma coerente e sofisticada "visão de mundo", impiedosa com a modernidade, à qual ele opunha uma construção muito mais radical e absoluta que a do fascismo. Condenando, por exemplo, o nacionalismo por sua inspiração "naturalista", Evola opôs a ele a "raça do espírito", e a "ideia, nossa verdadeira pátria". O que contava, ele dizia, "não é compartilhar da mesma terra ou falar a mesma linguagem, é compartilhar da mesma ideia". Que ideia? De que uma ordem superior, que a Roma Antiga, a Cavalaria Medieval e a Prússia expressaram. Ele propunha um estilo de vida feito com severidade, disciplina, durabilidade, sacrifício, praticado como ascetismo. Evola não era um espírito puro. Ele serviu na artilharia durante a Primeira Guerra Mundial, e foi, em sua juventude, um distinto alpinista, autor da admirável obra "Meditações nos Picos". Em sua morte, suas cinzas foram depositadas no cume de Monte Rosa.

 Por volta de 1950, então acreditando nas chances do MSI, Evola queria dar uma "bíblia" dos guerreiros aos jovens militantes deste movimento: essa foi sua obra "Homens entre as ruínas", prefaciado com um ensaio por Junio Valerio Borghese. Suas esperanças foram frustradas, ele desistiu do MSI e de toda a ação política no início de 1957. Ele publicaria "Monte o Tigre" um pouco depois (1961), um trabalho difícil que contradizia seu predecessor. Ele declarou em substância que em um mundo indo à sua ruína, nada era digo de se salvar, o único imperativo categórico seria seguir o caminho interior com um desapego perfeito de tudo que nos cerca, mas assumindo que o que a vida oferece é dor e tragédia. Essa mensagem levantou controvérsias na seita daqueles ironicamente chamados de “as Testemunhas de Evola”. Alguns a entendiam como um convite para se retirar do mundo, e outros como um convite para dinamitar a sociedade decadente. É essa parte da mensagem que seria entendida pelos adeptos italianos do ativismo brutal que se manifestariam no decorrer dos “anos de chumbo”.

O que Ride the Tiger expressava era o reflexo do desgosto que o pântano de políticas parlamentares mesquinhas em que o MSI afundou poderia inspirar até nos mais idealistas. Mas, mais além, a evolução da sociedade ocidental e italiana se submetendo ao domínio do consumismo e do materialismo.

No correr das décadas seguintes, a generalização da violência e do terrorismo na esquerda tiveram alguns efeitos importantes sob a direita radical que influenciaram o filósofo. As duas principais organizações extra-parlamentares, Ordine Nuovo e Avanguardia Nazionale, tendo sido dissolvidas em 1973, foram à ilegalidade.  Mas essa estratégia foi quebrada por uma repressão direta.

No entanto, uma nova geração estava trabalhando e fizera uma leitura superficial de Evola. Nascida depois de 1950, alheia à memória histórica do fascismo, criticou de bom grado a “velha guarda” do MSI e os monstros igualmente sagrados da direita ativista, do tipo Borghese, e sua estratégia obsoleta do golpe de estado. Eles proclamaram enfaticamente o fim da ideologia e a primazia da ação. Para esta geração de militantes muito jovens, antes do vazio dos antigos valores mortos, o combate permaneceu como um valor existencial. “Não é para o poder que aspiramos, nem para a criação de uma nova ordem”, lia-se em 1980 no Qex, boletim de prisioneiros políticos da direita. “É a luta que nos interessa, é ação em si, a afirmação de nossa própria natureza.” A influência de Ride the Tiger foi evidente. Mas aquilo que, segundo Evola, deveria ter resultado em um ascetismo interno, foi aqui reduzido ao seu significado literal mais brutal, pela identificação com o mito simplista do “guerreiro”. Essa derivação levou à teorização sumária da “espontaneidade armada” tanto quanto recuar para uma torre de marfim esotérica.


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Dominique Venner

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

James Mason: não é graças aos judeus

É dito em alguns lugares que o espírito de Adolf Hitler foi mantido vivo por seus inimigos, os judeus. Eu digo que isso é evidentemente falso.

O comandante Rockwell dizia que os judeus construiriam suas próprias câmaras de gás se fosse necessário, e que os judeus mantém a "Hitlerfrenia" porque os é muito lucrativo fazê-lo. Existem tantos princípios do Estado Nacional Socialista incorporados no Estado de Israel que é positivamente impressionante. Os judeus desejam intensamente que Hitler tivesse sido deles, ou que, na verdade, tivesse sido um deles, e esse fascínio permanecerá irresistível para eles. Os judeus, sendo mestres da técnica psicológica, entendem mais do que a maioria a efetividade do estratagema do "bicho-papão". Mantendo o "perigo nazista" através de sua mídia, eles mantém seus próprios "pequenos judeus" na linha, eles mantém o goyim burro rastejando, e eles mantém a nós -- ou muitos de nós -- atacando o alvo errado [NT: Original: "Barking at the wrong 'Holly Wood' tree"].

Mas também existe o ângulo do medo. Os judeus não tem outra opção senão tentar manter Hitler "vivo" -- mas, em seus próprios termos, -- como um monstro. A noção absurda de que Hitler seria esquecido se os judeus de repente decidissem virar as costas pra ele não faz sentido, pois os próprios judeus estão cientes dessa situação. Se eles deixassem sua memória, seu espírito não seria esquecido, mas lentamente a Verdade gradualmente viria para preencher o vazio deixado pela cessação de suas mentiras.

Na verdade, os judeus estão presos a Hitler.

É de fato irônico, mas não é graças aos judeus.

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Traduzido de Siege!, editora Ironmarch, 2ª edição.
Tradução livre.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Gottfried Feder: os fundamentos éticos do nacional-socialismo

Alta responsabilidade para com o povo e para consigo mesmo, eis a máxima fundamental do nacional-socialismo. A sua lei suprema é: "O interesse público acima do interesse particular".

Talvez pareça singular a necessidade de formular semelhante tese, pois conhecemos, no passado, épocas nas quais os monarcas consideravam o bem-estar da nação a suprema finalidade do governo. Hoje, porém, é preciso antecipar essa lei antes de quaisquer considerações, pois as condições do mundo atual estão bastante afastadas de tal mentalidade cívica, embora seja ela a única admissível. Já essa primeira tese evidencia o estreito entrelaçamento entre as leis éticas e econômicas.

"O interesse público acima do interesse particular" é, em primeiro lugar, um postulado da moral. E a tese mostra claramente a ordem natural nas relações entre o bem-estar da sociedade e a justa tendência dos indivíduos para ganhar e possuir. Esta ideia básica não nega, de forma alguma, a propriedade privada. Pelo contrário, reconhece expressamente a sua profunda importância, e está ciente de que a propriedade privada, com o direito de ampla disposição, constitui o fundamento econômico de todas as civilizações. Mas o Nacional-Socialismo, por outro lado, está convicto da absoluta necessidade de demarcar limites, afim de evitar que a propriedade se degenere em um instrumento de poder e de exploração da coletividade.

Nenhuma pessoa séria e inteligente poderá negar valor a esta tese suprema, peo menos na fórmula universal acima expressa. As dificuldades só aparecem ao se tentar estabelecer o equilíbrio entre os interesses públicos e os individuais. Estamos todos indubitavelmente de acordo em que os supremos interesses coletivos devem estar acima dos interesses particulares. Mas as esdrúxulas noções juridicas atuais não formulam limites para o uso da propriedade, a não ser que representem abusos criminosos. É vedado praticar violência contra terceiros (extorsão, assassínio, fraude, enriquecimento ilegal), mas nunca foi proibido acumular imensas riquezas por meio de certos métodos, de moralidade mais ou menos duvidosa, e das praxes, consagrados pelos bancos e pelas bolsas. Aliás, a lei permite aos credores a apropriação rigorosa dos bens de devedores impontuais, mesmo quando circunstâncias desfavoráveis, tais como enfermidade, morte, colheitas escassas, etc., impossibilitam o resgate de compromissos assumidos. Qualquer juiz seria capaz de citar inumeráveis casos em que esse direito estéril tem destruídos existências honestas em circunstâncias revoltantes, entregando indivíduos ativos e honestos à força brutal de credores, só por se acharem momentaneamente perseguidos pela má sorte.

A ilimitada emissão de títulos de dívida pública que representam uma obrigação da coletividade para com o indivíduo, é um abuso anti-social, egoísta e profundamente condenável, que ameaça o bem-estar público e contraria a nossa tese: "o interesse público acima do interesse particular".

Ao lado da orientação capitalista que nos domina, temos a orientação marxista, política e econômica, no outro extremo. Sua ideia básica é a negação da propriedade privada. A doutrina do marxismo denomina a propriedade de "roubo" (Proudhon). Na sua geringonça, tão misteriosa para os proletários alemães, exige a "expropriação dos expropriadores". Tal doutrina, que destrói o Estado, a Nação, a cultura e o organismo econômico, foi realizada radical e consequentemente pelo bolchevismo russo. Como referência aos problemas econômicos, tal extremo pode ser formulado pelas seguintes palavras: "Tudo é de todos!".

Isso significa a desindividualização da propriedade e a entrega de todos os bens ao poder anônimo da totalidade.

Por outro lado, o sistema da ilimitada propriedade, ainda em vigor entre nós, nos levou ao último degrau do ídolo áureo, no qual está escrito em letras douradas: "Tudo é de um só!". Tal horrível sistema econômico visa também a expropriação, se bem que em outro sentido, de modo que toda a humanidade laboriosa fique, afinal, envolvida em uma espantosa escravidão de compromissos para com um poder anônimo.

O ideal econômico do Nacional-Socialismo, em frisante antagonismo com os absurdos do socialismo marxista, da "plutocracia" das altas finanças e das democracias ocidentais, procura a realização do princípio: "Suun Cuique!"; "A cada um o que é seu!".

Nesse axioma, ligam-se intimamente a moral e a economia. A separação entre os princípios éticos e a vida comercial é característico da vida econômica atual, na qual se tornaram essenciais a preponderância da fortuna, a astúcia e a arte de escapar à cadeia até nas mais audaciosas transações. A moral comercial, catastroficamente degenerada, se revela em milhares de existências escuras que trabalham nas grandes cidades, dispondo de imensos capitais, e transparece nos processos, julgados apesar de todos os esforços em contrário daqueles que neles se achavam envolvidos.

Tal aspecto apresenta-se ao lado da indizível miséria da classe média e dos operários casados, impossibilitados de comprar pão e leite para as crianças; ao lado desse fato: na maioria dos casos não há possibilidade de ganhar honestamente os meios para a satisfação das primeiras necessidades, para o sustento da família, especialmente quando se trata de grandes famílias.

A miséria dos intelectuais é inexprimível. Artistas de supremo valor estão entregues à fome, principalmente quando seu estilo não acompanha as tendências estéticas judaicas que hoje predominam; obras dramáticas de autores alemães não conseguem ser representadas. Mais incrível ainda é a miséria dos que perderam as economias pelas medidas erradas e fraudulentas da política financeira, os que viviam de pequenos rendimentos, os pensionários, as vítimas da guerra, e afinal, todos os que confiaram na segurança dos empréstimos públicos e da estabilidade da nossa moeda e do padrão ouro do nosso marco.

Tal situação chama-se decomposição ou também anarquia. A diligência está sendo remunerada com salários insuficientes, enquanto que a preguiça recebe prêmios; as profissões honestas estão condenadas, e prosperam apenas os comerciantes desonestos, os intermediários, os vigaristas. As mais sublimes obras culturais correspondem à remuneração mais insuficiente. Em troca de confiança dá-se a fraude, e isto principalmente por parte das autoridades, que deveriam representar a justiça e a moral pública.

Basta mencionar a corrupção na vida pública, a influência imoral do hebreus na imprensa, e a tendência incapaz e indigna da nossa política externa, para caracterizarmos o nível extremamente baixo da nossa vida pública e da nossa moral econômica.

Diante de tal materialismo murcho e pernicioso estabelece o Nacional-Socialismo as doutrinas antigas e experimentadas: "Suun cuique!"  e principalmente "o interesse público acima do interesse particular!". Este supremo dogma do Nacional-Socialismo está arraigado nas melhores tradições e nas mais felizes e fecundas épocas da história germânica.

O "suun cuique" já fora o axioma econômico da próspera idade média alemã; sob a ordem dos grêmios, durante longas épocas, recebeu cada indivíduo o que lhe cabia. Na comundiade de mestres e oficiais cada qual recebia o que era seu: serviços superiores foram apreciados e expressamente remunerados, obras extraordinárias, extraordinariamente recompensadas.

O "suun cuique" é também adorno da suprema condecoração prussiana, isto é, da ordem da "água negra", e significava que méritos especiais mereciam apreço especial. Tal interpretação corresponde À mentalidade nacional socialista, não por se tratar de uma condecoração monárquica ou da distinção tendenciosa de méritos militares, mas sim por tratar-se da expressão ética do reconhecimento de deveres cumpridos para com a Nação, cumpridos desinteressadamente, e nascidos do sentimento de responsabilidade para com a Nação e o povo.

Nós, como nacional socialistas, acrescentamos solenemente aos dois mencionados axiomas do Estado fredericiano, um terceiro: "Castigo aos criminosos!".

"Suun cuique", salários suficientes para qualquer trabalho honesto e bem feito, salários superiores para obras superiores, auxílio suficiente dos fundos públicos para com todos os pobres e involuntariamente necessitados; mas da mesma forma o devido castigo para todos que lesaram a moral pública e econômica.

Acentuamos, porém, que não é do interesse do Estado Nacional Socialista fiscalizar os negócios particulares dos cidadãos. Não ignoramos que a economia nacional prospera só quando livre da tutela pública. Não negamos que não haveria um "homem garantido" se a autoridade assumisse todos osriscos de todos os cidadãos. O PAPEL DO ESTADO CONSISTE APENAS EM CRIAR AS CONDIÇÕES PARA QUE A ECONOMIA SE POSSA DEFENDER CONTRAS AS HORRÍVEIS DEPRAVAÇÕES, QUE SÃO INDÍCIO DO ATUAL ESTADO DO CAPITALISMO TRIBUTÁRIO.

Portanto, o bem do Estado tem que se tornar lei suprema como outrora; a atividade do Estado tem que sobrepor o axioma "o interesse público acima do interesse particular!" a qualquer outra consideração.

Os estadistas, porém, os funcionários públicos e todos os que estão ocupando altos cargos, precisam, justamente em vista de tal axioma, dispor de uma qualidade, hoje quase completamente desaparecida da vida pública e política: responsabilidade.

Toda a nossa vida pública está hoje caracterizada pela irresponsabilidade. Os deputados são irresponsáveis por tudo quanto fazem e dizem nos parlamentos, o que se chama "imunidade", com uma palavra triste, tirada da medicina: falam os fisiólogos em imunidade quando um corpo já está tão envenenado que novos tóxicos pouco ou nada prejudicam, mas seriam bastante para prostrar um homem são. Os partidos são irresponsáveis pelas resoluçõesd as maiorias, os ministros irresponsáveis por seus atos, por serem apenas funcionários dos partidos que constituíram o governo. SObrevindo qualquer insucesso político, a custa do povo, substitui-se o ministro, chamado responsável, por um outro funcionário do partido, igualmente irresponsável; mas nada de verdadeira responsabilidade.

Quando monarcas antigos invocavam o Onipotente, era isso, infelizmente, indício de irresponsabilidade, em expressão muito singular, apesar de haver casos excepcionais em que a responsabilidade para com Deus significava responsabilidade para com a nação. Mas geralmente Deus não era mais que um bom pretexto para uma inacreditável irresponsabilidade dos responsáveis e de seus substitutos, isto é, dos empregados responsáveis apenas perante os superiores, dos ministros apenas responsáveis perante o monarca, e dos monarcas apenas responsáveis perante a Deus.

É tarefa principal do Estado Nacional Socialista extinguir toda irresponsabilidade publicamente concessionada.

EXTREMA RESPONSABILIDADE! Estas palavras serão gravadas sobre o portão do Estado Nacional Socialista. Quem tem a gloriosa honra de representar os interesses de uma grande Nação, precisa se lembrar permanentemente de sua responsabilidade. Quem não possui tal sentimento, é incapaz de ser chefe. A responsabilidade de todos os funcionários públicos e de todos que ocupam cargos públicos tem que ser expressamente formulada e posta em prática com extremo rigor. Unindo dest'arte, chefes e cidadãos em comunidade popular, produziremos o mais precioso de todos os bens: A CONFIANÇA. Da confiança há de resultar a fidelidade; e a fidelidade dos cidadãos, com a responsabilidade dos chefes, há de sanear, rejuvenescer, despertar as almas alemãs, no molde dum Estado nacional, trabalhador, eficaz, e no qual cada um achará o que é seu.
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Pentti Linkola: Democracia, a religião da morte

O homem não aprendeu nada nem mesmo quando confrontado com o iminente fim do mundo. A maioria das pessoas continua a fazer suas decisões diárias com base no que desejam e no que os agrada. O ecologista profundo nunca confunde as preferências ou aversões humanas, sejam as dele ou dos demais, com o que deve ser feito. Ele formulará seus julgamentos e estabelecerá suas diretrizes com base no que é factível sem diminuir as possíveis riquezas da biosfera ou pôr em perigo sua continuidade. 

A democracia, em contraste, atende aos caprichos dos homens, às vontades da sociedade que vemos ao nosso redor. A democracia é o mais miserável de todos os sistemas sociais, o bloco de construção das trevas. Sob tal governo a liberdade ingerenciável de produção e consumo e as paixões do povo não são apenas toleradas, mas valorizadas como os valores mais altos. Os desastres ambientais mais sérios ocorrem nas democracias. Qualquer tipo de ditadura é superior à democracia, pois um sistema em que o indivíduo está sempre ligado de um modo ou de outro leva à destruição total mais devagar. Quando a liberdade individual reina, a humanidade é tanto o assassino quanto a vítima.


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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

A Guerra da KKK aos Católicos

Durante seu auge, em 1920, a Ku Klux Klan mantinha uma incessante hostilidade ao Catolicismo. Como posto por um membro do Arkansas, a lealdade dos Católicos estava além do mar e a religião que eles professavam era uma religião estrangeira. Quanto mais rápido os convidássemos para ir ao outro lado do oceano, melhor pra nós. Um editorial tipicamente raivoso em um dos principais periódicos do Klan-- com o sinistro título de Para suas armas! -- deixava claro a seus leitores: Não abandone sua cruz em chamas, mas carregue-a sobre vales e montanhas até que o paganismo Católico Romano tenha sido expelido de nossa livre e justa vida Americana para sempre.

O 100% Americanismo do Klan fazia do ódio ao Papa uma obrigação: Eu sou um homem anglo-saxão branco, constituído e treinado de forma que não posso tomar de maneira consciente nem minha política nem minha religião de algum lugar isolado do outro lado do mundo. Um membro do Klan do Mississippi foi mais sucinto: ele não tinha tempo para aquele velho dago da Tibéria. [NT: dago é uma ofensa racial para italianos]

As alegações fantásticas vieram em número rapidamente. Toda vez que um pai Católico tinha um filho ele adicionaria um rifle ao arsenal no porão da igreja local, com fim de se preparar para a grande revolução Católica que estava por vir. Afinal, quem poderia deixar de notar que dois canhões antigos da Universidade de Georgetown, em Washington, estavam apontados diretamente para o Edifício do Capitólio? Ainda pior, o Papa já havia comprado terras no Distrito de Columbia, onde planejava uma mansão milionária de onde ele poderia conduzir uma tomada do governo.

Em North Manchester, Indiana, circulara um rumor de que o Papa estava abordo de um trem vindo de Chigado, então membros do Klan foram esperar na estação na esperança de emboscar o Pontífice. Na Flórida, o governador Sidney J Catts, apoiado pela KKK, passou um bom tempo viajando na região avisando sobre uma iminente invasão papal.

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Queima de Cruz, ritual da KKK.

De acordo com o Klan, antes do cataclisma os católicos fariam o melhor possível para arruinar a moral pública e minar os valores americanos. Suas audiências na década de 1920 rotineiramente tinham mulheres que afirmavam ser ex-freiras, e elas frequentemente exibiam bolsas de couro nas quais, segundo se alegava, os filhos recém-nascidos de ligações ilícitas entre freiras e padres eram levados para fornos de igrejas para serem cremados. Será que as pessoas não perceberam, um membro da Klan em Sacramento perguntou, que quase todas as casas obscenas, juntas piratas e outros mergulhos são possuídos ou controlados por romanistas”?

Tragicamente, estes não eram simplesmente os delírios de um grupo marginal. Durante a década de 1920, o Klan foi extraordinariamente bem sucedido.

Sua associação provavelmente superou quatro milhões de membros e se espalhou por todos os 48 estados: contando com 700.000 membros em Indiana, e em torno de 400.000 no Texas em Ohio. O Klan fazia parte do mainstream da política americana, perfeitamente capaz de determinar o resultado das eleições grandes e pequenas.

Campanhas foram lançadas contra a provisão de fundos federais para escolas paroquiais católicas e professores católicos no setor público foram perseguidos; em Atlanta, membros do conselho escolar que se recusaram a seguir os caprichos da Klan tiveram suas vidas ameaçadas.

Em alguns lugares, o poder do Klan era visto às claras. Quando, em 1921, um homem confessou matar um padre católico em plena luz do dia, o juri em Birmingham, Alabama, composto majoritariamente de membros do Klan, alegremente absolveu-o.  Em outros lugares, as tensões entre o Klan e seus oponentes se agitaram. Em Lilly, Pensilvânia, em 1924, um comício de Klan acabou em caos e quatro pessoas morreram. Vinte e nove desordeiros, dos quais 25 eram membros do KKK, foram presos. Em Niles, Ohio, quando o Klan ergueu uma de suas cruzes em chamas em frente a uma igreja, os católicos locais queimaram pneus do lado de fora das casas dos membros da Klan. Tal era o tom de violência recíproca e ameaça em Lafayette, Louisiana, que o bispo local exortou seus fiéis a não tomarem vingança barata sobre o Klan.

No final da década de 1920, o KKK conseguiu dividir o Partido Democrata e desempenhou um papel importante ao descarrilar a candidatura da católica Al Smith à presidência, mas seu período de ampla influência política acabou evaporando quase tão rapidamente quanto chegou. As reclamações continuaram, é claro, assim como a política local às vezes podia ser infectada pelas atividades do Klan, e as lembranças dos terríveis anos 1920 deixariam feridas profundas.

É importante que os católicos norte-americanos lembrem as histórias de homens como Pearce DeBardeleben, lojista católico de Sylacauga, Alabama, que em abril de 1921 foi arrastado para a floresta por membros da Klan, açoitado com tiras de couro e socado com tanta brutalidade que perdeu a maioria dos dentes.

As panacéias que permitiram à KKK atingir tamanhas alturas de influência podem não serem mais caminhos eficientes para os corredores do poder, mas seria negligente dos católicos norte-americanos presumir que eles desapareceram completamente.


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Texto de Jonathan Wright para a Catholic Herald. Tradução livre.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Ruralismo vs Urbanismo

Este artigo escrito pelo bispo Richard Williamson foi retirado do livro "The Rural Solution: Modern Catholic voices on going 'back to the land'" (A Solução Rural: Vozes Católicas modernas sobre a volta à terra). Esta tradução livre não é oficial e foi feita pelo autor do blog como parte de uma série que pretende traduzir todos os artigos disponíveis no livro.

RURALISMO VERSUS URBANISMO

Q. Você estaria atacando cidades, que sempre foram centros da cultura e civilização Católica? As cartas de São Paulo foram todas endereçadas a jovens igrejas em cidades (Roma, Coríntios, etc.). As Catedrais Medievais foram todas construídas em cidades.

R. Correto. Mas a indústria, em particular a automobilística, mudou radicalmente a estrutura das cidades e a mentalidade de seus habitantes. Por exemplo, as ruas deixaram de ser lugar de socialização e de brincadeiras de crianças por conta dos automóveis. De maneira similar, enquanto o campo ainda prevalecia sobre as cidades, os habitantes urbanos possuíam mais ou menos o mesmo senso comum do homem do campo (e.g. você não pode brincar com o dia ou a noite, inverno ou verão), mas assim que o industrialismo possibilitou a essas cidades prevalecer sobre o campo, esse senso-comum passou a esvanecer (e.g. com a eletricidade e o aquecimento, podemos ignorar a noite e o inverno). As cidades modernas e as periferiais facilmente corroem o senso natural de que existe uma natureza das coisas. Sem uma natureza, onde está a Graça?

Q. Mas os burgos, assim como a televisão, são meramente neutros, e podem ser usados para o bem ou o mal. O problema é o pecado. Ataque o pecado, não os burgos.

R. É precisamente para atacar o pecado que alguém ataca os burgos modernos, uma vez que seu estilo de vida favorece o pecado. Sua ternura e conforto favorecem a sensualidade, e sua anti-socialidade e independência favorecem o orgulho. É verdade que a televisão seja neutra em teoria, mas não na prática. Uma vez instalada num lar, ela tende fortemente a ser mal utilizada, desconcertando a mente, a vontade, o senso de realidade, a atividez, a humanidade e a família. Similarmente, os burgos na prática tendem fortemente a desconcertar seres humanos. Ouça os músicos de Rock, voz de duas gerações alienadas (de 1960 a 1990). Essa alienação não pode continuar.

Q. Mas padres e bispos deveriam atacar o pecado, que é a raiz do problema, e não os burgos, que obviamente não o são.

R. Reconheço, é claro, que o pecado é a raiz do problema. Mas se uma criança reclama de seus pés machucarem, é tolo apontar que ela está colocar o sapato esquerdo no pé direito e vice-versa? Se católicos reclamam de que seja muito difícil conduzir uma vida Católica, por acaso seria tolo para os padres apontar que eles não percebem que todo o contexto de suas vidas está os levando ao orgulho e à sensualidade?

Q. O que você quer dizer com "um contexto que leva ao pecado"? Pecados são cometidos por livre escolha, não por contexto.

R. Sim, mas diferentes contextos podem colocar maior pressão à livre escolha, o que justamente por que muitos deles são chamados de "ocasiões de pecado", que os católicos devem evitar.

Q. Então você está dizendo que os burgos modernos são ocasiões de pecado? Ridículo.

R. Permita-me utilizar de um exemplo diferente. O rádio de um carro não é o melhor contexto para se ouvir a música clássica, porque estou ocupado dirigindo. Eu estou puramente passivo à música sendo tocada. Eu posso tocar a música que eu quiser, incluindo substituí-la por qualquer uma das muitas estações de rock. Eu posso ouvir música clássica no rádio de um carro. Mas o contexto de ir a um concerto ao vivo é muito melhor, onde não estou distraído, nem puramente passivo, nem posso mudar a música tão facilmente. De maneira similar, posso conduzir uma vida católica nas cidades, mas todo o contexto é construído pelo homem, centrado no homem e controlado pelo homem. É um contexto que cala a Deus, fazendo-o não impossível, mas muito mais difícil de se atingir. Contextos importam.

Q. Você simplesmente não gosta de nada novo.

R. Mais sábio (Provérbios 22:28) não gostar de nada novo do que de nada antigo, que é a a condição e condicionamento do homem moderno. Mas tudo que é novo e que vai me ajudar a salvar minha alma, como um novo funcionariado em Roma, realmente Católico, eu agarrarei com ambas as mãos. Uma Igreja Católica realmente renovada, uma nova e verdadeiramente Católica Ordem Mundial, sim, por favor!

Q. Mas o tempo passa, e as coisas mudam. Não adianta lamentar sobre os velhos tempos.

R. Lamentar o ontem não está em questão, apenas julgar corretamente nosso hoje, de maneira a salvar o maior número de almas possível amanhã. É claro que o tempo passa e as coisas mudam. Isso é exatamente o porquê de devermos analisar o que o tempo nos trouxe para que façamos que as coisas mudem para o melhor. Caso contrário elas mudarão para o pior. A mudança é inevitável, mas Deus nos requer que direcionemos a mudança em direção à vontade Dele.

Q. Mas as pessoas sempre louvaram o passado pensando que este era melhor. O que sugere fortemente que ele não era.

R. Os argumentos para que o Reinado de Cristo Rei tenha se deteriorado amplamente nos últimos 700 anos são claros e convincentes. Um carro sem freios pode descer uma montanha sem bater por algum tempo, mas em algum momento ele certamente baterá. Aos destroços da Cristandade do século XX Deus mandou três avisos: as duas Guerras Mundiais e o Vaticano II. Mas a humanidade continua descendo a montanha, e cada vez mais rápido.

Q. Mas hoje em dia as pessoas do campo sofrem tanto com vícios e drogas quanto as pessoas das cidades ou subúrbios.

R. Provavelmente não tanto, mas isso é muito mais verdade hoje que ontem, precisamente porque o automóvel e suas pompas e seus trabalhos tomaram o campo. Quando Nossa Senhora (supostamente) apareceu no vilarejo da montanha de Garabandal, no norte da Espanha em 1960, esta ainda se tratava de uma vila isolada na montanha. Agora ela é apenas uma extensão da cidade mais próxima.

Q. E para o campo Americano, que é repleto de protestantes, as fazendas são conduzidas de maneira anti-social, e a vida é conduzida de maneira francamente egoísta?

R. Como a carta de Dezembro disse, o protestantismo é o coração do problema do suburbanismo. Para atacar este sintoma do suburbanismo devemos lembrar os católicos de como a doença do Protestantismo é mais passível de infectá-los sem que eles percebam. Ser católico é muitíssimo mais importante do que viver no campo, mas, circunstancialmente, não viver no campo pode inclinar muitos Católicos a deixar de o serem. Todo Católico deve pensar duas vezes antes de se mudar para longe da missa para estar no Campo, e pensar três vezes antes de se mudar para o campo para lá recriar burgos, ou voltar a um modo de viver industrializado, mecanizado e anti-social.

Q. Nós, católicos, não somos Amish!

R. De acordo com a Verdade de nossa religião sobrenatural, não. Mas isso significa que não há nada em seu modo de vida natural que poderíamos imitar? Não necessariamente. Há "método em sua loucura". Viver na terra não é o mesmo que viver da terra.

Q. Ok, ok. Supondo que eu me mude para o campo, perto o bastante para ir à Missa todos os dias, com tempo o bastante para recitar o Rosário diariamente, e em uma área pequena demais para ser sugada em agricultura industrial, então o quê?

R. Primeiro, não deixaremos o habitante urbano pensar que ir de volta ao campo é fácil. O cultivo é uma vida difícil, o que é precisamente o porquê de muita gente ter abandonado o campo no século XX para ir às cidades. Vacas não têm feriados, o leite deve ser tirado todos os dias, o que inclui o pior dos dias do inverno! Mas "sem suor, sem recompensa". No difícil da vida que se encontra a disciplina, para jovens e velhos. Se as pessoas tivessem continuado no campo, o Comunismo nunca teria subido. Quem quereria entrar em greve contra a terra, os animais ou o tempo? Conclusão: para conseguir o que você quer, não espere e não reconstrua a vida fácil para si. "Sofrer é aprender". Segundamente, proximidade à Missa é parte crucial de sua mudança ao campo, não apenas por conta de nosso dever de domingo e da necessidade absoluta dos sacramentos para salvar nossa alma, mas também por conta da necessidade Católica de comunidade. Se católicos fugissem da cidade ou dos subúrbios por causa deste contexto ferindo a Fé, não seria válido fugir a um contexto de vida Protestante e individualista, onde não haveriam famílias Católicas próximas. No início da Idade Média (500-1000 DC), as vilas e cidades da Cristandade se formavam próximas de um monastério ou igreja.

Q. Mas na Idade Média os altares da Igreja Católica eram muito mais estáveis do que eles são no cenário de crise atual.

R. Se olharmos para trás no tempo, pode parecer, mas naquela época, sobre as ruínas do império Romano e a ameaça das invasões bárbaras, os altares dificilmente deveriam parecer mais estáveis do que hoje. Em algum ponto Deus nos requereu tomar riscos e confiar Nele para o resto.

Q. Então eu fujo da cidade e passo a morar no campo, não muito distante de outros católicos, onde há Missa. O que eu consegui de positivo?

R. No campo, muito mais do ambiente é feito por Deus, ou natural, em vez de feito pelo homem, ou artificial. Toda criatura de Deus fala diretamente com Deus, se tiver orelhas para ouvir. Se alguém se mudou para o campo, este alguém não deve fazê-lo de maneira muito abrupta, com mudanças bruscas demais, por conta da tentação de voltar à cidade com a qual é acostumado. Este deveria abandonar pouco a pouco essas artificialidades que são o orgulho e consolação periféricos, e que preenchem os lustrosos e coloridos catálogos estufando suas caixas de correspondência. A vida no campo deve simplificar,  e assim que o fizer, as coisas importantes da vida que antes estavam bloqueadas por múltiplas distrações artificiais voltarão.

Q. Mas sem museus, sem concertos, sem cultura -- apenas as belezas da Natureza? Que entediante.

R. Mudar-se ao campo requereria um período de adaptação para perceber o porquê de eu querer morar no campo em primeiro lugar. Mas após um bom período pensando, eu provavelmente teria uma boa chance de me adaptar. Por exemplo, nas cidades, museus têm constantemente feito novas exibições de os mesmos velhos artistas, ou então patronizaram os modernos anti-artistas. No campo, dois pores do sol ou dois nasceres do sol nunca são iguais, e cada um é uma obra prima fresca pintada em tinta movente. Obviamente, deve-se ter os olhos para vê-lo. De maneira similar, teatros têm de tocar as mesmas peças favoritas dos compositores clássicos, ou decair para a música moderna, enquanto no campo cada cantar de pássaro é uma nova sinfonia conduzida por nosso Criador, mas orelhas forjadas em teatros têm de se ajustar para ouvi-las.

Q. Mas a vida no campo seria entediante.

R. Os adultos e as crianças mais velhas teriam de se adaptar, mas as crianças mais novas caem sobre o campo como patos caem na água. A maioria dos pais podem ver o quão mais saudável seria para suas crianças crescer no campo, mas se mantêm na cidade por conta das circunstâncias.

Q. Quais as vantagens para as crianças?

R. Ar fresco. Liberdade para brincar lá fora. Trabalho manual, facilidade para ensinar disciplina e responsabilidade. O lidar com animais, com que crianças têm uma afinidade dada por Deus, e que por sua natureza dada por Deus são capazes de ensinar às crianças lições que máquina alguma pode dar. Por exemplo, que criança nascida e criada entre garanhões e éguas, touros e vacas, galos e galinhas, vai cair na de que não existe diferença entre homens e mulheres? Ouso dizer que os animais sem razão ensinarão à criança uma parte significativa da diferença entre homens e mulheres que, por sua vez, tem razão.

Q. Mas todas essas vantagens da vida do campo são situadas meramente a nível natural. É graça ou o sobrenatural que conta para a salvação.

R. É claro, mas a graça constrói a natureza. A graça cura a natureza, mas não a viola. A graça trabalha contra o pecado, mas trabalha com a natureza. É por isso que uma educação sábia trabalha com a graça e a natureza em conjunto. O problema com a incessantemente crescente artificialidade da vida urbana é que a graça não tem com o que trabalhar. O contexto totalmente urbano faz estradas de concreto onde a semente da graça tem pouca chance. É por isso que tantos pais devotos veem seus filhos adolescentes se tornarem desinteressados no Catolicismo. Graça e natureza, da maneira que são apresentados aos adolescentes, não se integram ou completam. 

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Codreanu: Várias observações sobre a democracia


Neste texto Corneliu Zelea Codreanu, Căpitanul da Guarda de Ferro romena, destaca seis pontos negativos do sistema democrático que percebeu durante sua breve época de parlamentar. Texto retirado de sua Obra "Para meus Legionários", capítulo "Democracia contra a nação". Tradução livre, grifos nossos.

VÁRIAS OBSERVAÇÕES SOBRE A DEMOCRACIA


Eu gostaria, nas páginas a seguir, de apresentar várias conclusões de minha experiência diária de maneira que estas sejam compreensíveis para todo jovem legionário ou trabalhador. As formas de governo são como vestes, e nós usamos as democráticas. Elas são boas? Não sabemos ainda. Mas vemos algo: sabemos que algumas das maiores e mais civilizadas nações européias as abandonaram ou mudaram de vestes. Eles as abandonaram porque eram boas? Outras nações também fizeram esforços para abandoná-las e mudá-las. Por quê? Estariam loucos? Apenas os políticos romenos são inteligentes? Não posso acreditar nisso. Certamente, esses que as mudaram ou planejam fazê-lo tem seus próprios motivos.
Mas por que deveríamos nos preocupar com as razões de outrém? Deveríamos estar preocupados com as razões que fariam nós, romenos, abandonar essas vestes de democracia.
Se não temos razões para descartá-las, se elas nos vestem bem, então devemos mantê-las, mesmo que toda a Europa as descarte. Porém, elas não são boas pra nós, porque:

1. A democracia acaba com a unidade do povo romeno, dividindo-o em partidos, instigando-o e, desunido, submetendo-o ao bloco unido do poder judaico em um momento difícil de sua história. Esse único argumento é tão grave que já seria o suficiente para abandonarmos a democracia em troca de qualquer coisa que possa manter nossa unidade.

2. A democracia transforma milhões de judeus em cidadãos romenos, fazendo-os iguais aos romenos e dando-os direitos iguais no país. Igualdade? Em que base? Vivemos aqui por centenas de anos, com arados e com armas, com nosso trabalho e nosso sangue. Por que deveríamos ser iguais a aqueles que difícilmente estiveram aqui por 100, 10 ou 5 anos? Olhando para o passado, fomos nós que criamos esse país. Olhando para o futuro, somos nós, romenos, a quem toda a responsabilidade histórica da existência da Grande Romênia pertence; eles não tem nenhuma. Como judeus puderiam ser feitos responsáveis perante a história pelo desaparecimento da Romênia? Eles não tem igualdade no trabalho, sacrifício e luta que criou o estado, nem igualdade de responsabilidade pelo seu futuro. Igualdade? De acordo com uma máxima antiga, igualdade significa tratar coisas desiguais de maneira desigual. Em que base os judeus precisam de tratamento e direitos políticos iguais aos dos romenos?

3. A democracia é incapaz de continuidade nos esforços. Divididos em partidos que governam por um, dois, três anos, ela é incapaz de conceber e atingir planos de longo prazo. Um partido anula os planos e esforços do outro. O que foi concebido e construído por um hoje é demolido por outro logo a seguir. Em um país que precisa de construção, cujo momento histórico é de construção, esse contra da democracia constitui uma ameaça. É como se os donos de uma fazenda mudassem todo ano, cada um com planos diferentes, desfazendo o que o antecessor fez. Seu trabalho apenas esperando pra ser desfeito pelo próximo dono a chegar no dia seguinte.

4. A democracia faz com que seja impossível que o político cumpra seu dever para com a nação. Um político com a maior das boas vontades se transformará, em uma democracia, um escravo de seus apoiadores; ou ele satisfaz seus apetites privados ou eles destroem seu apoio. O político vive sobre a tirania e ameaça permanente do agente eleitoral. Ele está posto na posição de escolher ou a renúncia ao trabalho de sua vida ou a satisfação de seus apoiadores. E então o político satisfaz os apetites deles, não do seu bolso, mas do bolso do país. Ele cria empregos, posições, missões, comissões, sinecuras, todos gastando dinheiro do estado que pega mais e mais dos cada vez mais apertados bolsos do povo.

5. Democracia é incapaz de autoridade, pois falta o poder da castigar. Um partido, de medo de perder seus apoiadores, não aplica penas àqueles que vivem de negócios escandalosos na casa dos milhões, seja através de roubo ou fraude; nem aplica sanções contra adversários políticos quando estes expoem seus próprios negócios obscuros ou incorretudes.

6. A democracia está a serviço do grande capital. Por conta do sistema caro e a competição dentre vários grupos, a democracia requer muito dinheiro. Como consequência natural, ela passa a ser escrava do sistema financeiro internacional judaico, que subjuga a por subvenção. Assim o destino das pessoas é dado às mãos da casta dos banqueiros.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Família Bolsonaro, neomalthusianismo e eugenia



Um dos principais alicerces da candidatura da família Bolsonaro é a grande porcentagem de cristãos -- e especialmente, de Católicos -- no país. Jair Bolsonaro se diz Católico, mas defende diversos pensamentos que estão em desacordo com a doutrina Católica e os princípios mais básicos da moral, e talvez o mais nocivo destes seja o neomalthusianismo.

Aos eleitores do Bolsonaro, adianto que não me oponho totalmente ao candidato, mas que creio que numa democracia representativa como vivemos no Brasil, devemos cobrar dos políticos que se comportem de acordo os princípios que perfilam a imagem que passam ao seu eleitorado.

 O Malthusianismo é uma doutrina do século XVIII que afirma que sem contenção, a população crescerá mais que a produção alimentícia, e que por isso esta deve ser controlada. Foi criada pelo iluminista Thomas Malthus, de quem deriva o nome. É de conhecimento geral que as ideias de Malthus não eram corretas, já que não se sustentam matematicamente, mas isso não impede sua proliferação, uma vez que sustentam ideais que são de interesse de muita gente.

 O Neomalthusianismo, a modernização da teoria, perante o avanço tecnológico e a qualidade de vida consequente, afirma que o crecimento populacional é uma ameaça não só pela questão alimentícia, mas que deve ser controlado por seu potencial de causar problemas à qualidade de vida, à economia, e, por vezes, ao planeta. Os Neomalthusianistas argumentam que a alta natalidade é um peso para o Estado, que acaba por ter de investir em educação e saúde, e por isso deve ser combatida.

 Este ideário é eugenista, altamente anticatólico e altamente endossado por globalistas em todo o mundo. Suas influências na história incluem a legalização do aborto, o estabelecimento do planejamento familiar no ocidente, políticas de esterilização, a limitação à natalidade em países como a China. Ela causa, também, crises populacionais, como no Japão.

Bolsonaro apoia medidas neomalthusianistas, embora discorde de algumas das estratégias liberais para atingir estes objetivos. Em vez da educação sexual desde cedo, Bolsonaro defende a disseminação de panfletagem pró-planejamento familiar (incluindo atuação legal nessa direção), a esterilização e os métodos contraceptivos (pró-sexual revolution, à qual um candidato verdadeiramente católico deveria ser contra). 

Bolsonaro relacionando os problemas do mundo à natalidade, e defendendo a laqueadura como solução: aqui.

Essas posições têm sido uma constante em sua carreira:

em 1992 ele dizia: “Devemos adotar uma rígida política de controle da natalidade. Não podemos mais fazer discursos demagógicos, apenas cobrando recursos e meios do governo para atender a esses miseráveis que proliferam cada vez mais por toda esta nação.”

Em  1993: “Defendo a pena de morte e o rígido controle de natalidade, porque vejo a violência e a miséria cada vez mais se espalhando neste país. Quem não tem condições de ter filhos não deve tê-los. É o que defendo, e não estou preocupado com votos para o futuro”.

Em 1993: "Para acabar com a fome e a miséria é preciso controle de natalidade. Fazer laqueadura nas jovens senhoras que estão perambulando gerando mão-de-obra não-especializada... a minha esposa ligou as trompas. Eu acho que vocês vão ligar também... a primeira fase é livre, a segunda, lá no Norte e nas periferias, tem que pegar as mulheres e levar. Não tem direito de ter filhos".

Em 2003: "Já está mais do que na hora de discutirmos uma política que venha a conter essa explosão demográfica, caso contrário ficaremos apenas votando nesta Casa matérias do tipo Bolsa Família, empréstimos para pobres, vale-gás etc"

Em 2008: “Não adianta nem falar em educação porque a maioria do povo não está preparada para receber educação e não vai se educar. Só o controle da natalidade pode nos salvar do caos”

Em 2011: “Tem que dar meios para quem, lamentavelmente, é ignorante e não tem meios controlar a sua prole. Porque nós aqui controlamos a nossa. O pessoal pobre não controla”

Em 2013: “Só tem uma utilidade o pobre no nosso país: votar. Título de eleitor na mão e diploma de burro no bolso, para votar no governo que está aí. Só para isso e mais nada serve, então, essa nefasta política de bolsas do governo”

Em 2018: “Não estou autorizado a falar isso, mas coloquei na mesa. Gostaria que o Brasil tivesse um programa de planejamento familiar. Um homem e uma mulher com educação dificilmente vai querer ter um filho a mais para engordar o programa social dele.”

Seu filho e muitas vezes seu porta-voz, Carlos Bolsonaro, já afirmou abertamente que o Bolsa Família deveria ser direcionado à esterilização de pobres, com fim de estancar a ferida econômica Brasileira: aqui.

Em entrevista, Bolsonaro negou a relação entre controle de natalidade e planejamento familiar:

A expressão "planejamento familiar" defendida por Bolsonaro, nada mais é do que um novo nome para o controle de natalidade. A mudança de nome para "planejamento familiar" simplesmente passa a responsabilidade do controle de natalidade à família, ao passo que a compele para que o controle seja feito. Em vez de coibir a procriação de forma explícita, atua-se na cultura.

O planejamento familiar como política educativa é controle de natalidade ipsis litteris. Doutrinar nas escolas é proibido, mas doutrinar pobres para não terem filhos é aceitável? 

Fica explicada uma de minhas maiores ressalvas para com o candidato. Cabe a nós, na posição de eleitores, exigir um posicionamento mais racional, que não seja baseado em preconceito eleitoreiro e senso comum propagado por globalistas.

Por fim, deve-se atentar ao caráter de imposição imperialista do planejamento familiar -- como evidencia do pelo relatório de Kissinger[1], sobre o qual farei outro post -- , cujos braços incluem instituições como a Planned Parenthood e a UNICEF.

Referências:
 [1] RELATÓRIO DE KISSINGER, disponível em: https://pdf.usaid.gov/pdf_docs/Pcaab500.pdf

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Aborto, privilégio de classe?



Hoje, num ato equivocado de esperança, cliquei em uma notícia na revistinha adolescente Capricho: "Por que as brasileiras estão protestando contra a criminalização do aborto?", pois que se trata de um tema que há muito me desperta a curiosidade. Ao perceber que se tratava de demagogia, resolvi escrever um contraponto rápido. Não vou entrar em questões morais sobre a corretude do aborto per se, isso é assunto para outro post.

O ponto central do texto (se é que dá pra chamar de ponto, uma vez que nada é verdadeiramente desenvolvido, apenas assunções são jogadas no ar como se fossem verdadeiras) é a ideia de que o aborto é um privilégio de classe.

Essa tese é sustentada na hipótese de que mulheres ricas podem pagar por uma clínica clandestina de qualidade, enquanto uma mulher pobre não pode fazê-lo. Isso é mentira, visto que legalmente, mulheres ricas não podem abortar. Privilégios são direitos especiais[1][2]. Dizer que o aborto é um privilégio das mulheres mais ricas, quando este é proibido por lei, implica em contradição, visto que a clandestinidade do ato tira seu caráter de direito. O aborto seria sim um privilégio dos mais ricos se fosse legal, mas custasse caro e não fosse acessível por rede pública.

Alguém poderia afirmar que existe privilégio na capacidade de descumprir a lei, um facilitante às ilegalidades. Esse raciocínio é, sim, verdadeiro, mas de nada serve à causa. Acontece que a existência da possibilidade de crime sozinha não justifica sua legalização, tampouco a existência de facilitadores o faz. Fazendo um rápido exercício lógico é facílimo de elencar inúmeros crimes e indivíduos que têm vantagens para cometê-los.

A ineficiência da legislação não serve para justificar a legalização, muito pelo contrário, deveria servir como incentivo a um aumento no combate ao crime. O "por que só ele pode matar?" deveria se transformar em "por que ele pode matar?". Afirmar o aborto como um privilégio nada mais é do que um truque para reafirmá-lo como o direito que não é.

Outro problema, este já específico do texto, é o uso de dados falsos para sustentar sua tese. O texto diz que 4 mulheres morrem por dia em decorrência de abortos clandestinos. Esses dados já foram desmentidos[3]: os números confirmados não chegam a 5% disso, e, embora uma porcentagem dos casos não seja descoberta, certamente não estamos nem próximos das quatro mortes diárias.

A inflação de números relacionados ao aborto não é uma novidade, e acontece em todos os países onde há lobby pela legalização do aborto, uma vez que a dificuldade de verificação dos dados dá forças às estimativas maldosas. Há diversas referências que demonstram como esses dados são forjados (incluindo adicionar à contagem abortos espontâneos e uma multiplicação por 6).[4]

A tentativa de estabelecer o aborto como problema de classe é especialmente perversa, porque é utilizada para justificar eugenia, estimulando o assassínio de nascituros por seus próprios pais em face da pobreza, mas também para ligar a pauta à luta de classes. Trata-se de um truque para adquirir partidários que põe mais uma vez à luz as sutis ligações entre o capital, o marxismo e o feminismo.

A melhor parte é no final: "Você não paga, é subsídio do Estado". kkkkkkkk


Referências:
[1] Aurélio, disponível em: <https://dicionariodoaurelio.com/privilegio>
[2] Michaelis, disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?id=la1dO>
[3] Gazeta do povo, "Quais são os verdadeiros números sobre o aborto no Brasil", disponível em <https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/quais-sao-os-verdadeiros-numeros-sobre-aborto-no-brasil-ez2wi4lignffwy4hha6nff51j/>
[4] Palestra da Dra. Isabela Mantovani, "Aborto: a farsa dos números", disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Zaiy_H_m_T0>